segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sobre Liberdade e outras coisas...


Não quero adentrar em análises etimológicas nem em concepções filosóficas profundas sobre este tema, apenas desejo discorrer um pouco sobre a liberdade, evocada por uma grande parte de pessoas que utilizam a palavra indiscriminadamente. O que me incomoda não é o significado pessoal que cada um atribui a essa palavra – até porque cada um tem a abertura e possibilidade de pensar o que quiser (em tese!) – é apenas o fato de que grande parte das pessoas não constrói esse significado pessoal, caem na ingenuidade de que somos seres livres por direito, sem questionamentos.
Se você acha que é um ser livre, parabéns, respeito sua opinião. Mas pessoalmente, acho que a liberdade está atrelada a outros aspectos. Quero dizer que não se resume ao fato do indivíduo “estar trancado ou não”. Pode até ser só isso, mas vejo como algo mais amplo. A não ser que você esteja completamente fora da sociedade, sua liberdade está condicionada às relações sociais. Se a liberdade não está em suas mãos, se não depende apenas de você, então você não é tão livre assim quanto te dizem...
Só para exemplificar, vou-me utilizar de uma cena cotidiana: sair de casa. Se você não mora numa cidade perfeita (essa cidade provavelmente não é no Brasil!), sem violência, sem congestionamentos, sem poluição, o simples fato de sair de casa torna-se um ritual. Checar se tudo está trancado, pertences devidamente escondidos, olhar atento, medo da própria sombra. Isso tudo é necessário, porque é muito fácil ser assaltado.
Embora tenhamos o direito de ir e vir, temos que pagar pedágio e o sistema de transportes é deplorável. Apesar de possuirmos liberdade de expressão, nossa voz é pouco ouvida e infelizmente “amenizada” pelo Estado e “guiada para um lugar mais confortável” pela grande mídia. Pagamos impostos exorbitantes, mas se quisermos saúde e educação, temos que pagar. Aprendemos que saúde, educação, segurança são direitos, mas vemos que na vida real, elas tomam forma de serviços.
Eu não sei... Talvez eu devesse acreditar que somos livres, afinal, cresci ouvindo que a liberdade do cidadão é garantida pela constituição. Seria mais fácil aceitar “o que é posto”, mas ao fazer isso, eu teria que desconsiderar tudo o que vejo, tudo o que me incomoda, todas as contradições claramente perceptíveis de um sistema doente. Seria como acreditar que a liberdade é vendida em pílulas, que podem ser tomadas isoladamente, sem nenhuma ligação com o mundo real.

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