quarta-feira, 9 de março de 2011

Carnaval ou "qualquer coisa aí"



   Não consigo entender esse tal de Carnaval. Não que tenha de ser entendível de todo, é que bem que poderia ser mais claro, funcionar menos como pretextos. A festa que transforma as cidades em turbilhões de alegria é a mesma que distribui o divertimento forçado, forjado, de qualquer jeito.

  "Pular o Carnaval" deve ser um mecanismo automático. Pretende-se dançar com música, mas os níveis sonoros muito extrapolam os limites e então, é só barulho mesmo. E isso talvez não importe. Não parece importar também a qualidade do que se consome. Sim, porque, pelo menos nos grandes centros carnavalescos, o que ocorre é consumo e não apreciação.

   Se de um lado, é suficientemente plural a ponto de reunir várias manifestações artísticas, doutro, é capaz de desconstruir essas mesmas manifestações, tornando as tudo, menos artísticas. Bastante se tem para mostrar, mas pouco o que expressar. Tomarei como exemplo o Carnaval das Escolas de Samba. Os sambas-enredo, que deveriam ser a chave-mestra do desfile, são muito mais “enredo” do que samba. O lirismo e a cadência do querido samba parecem se perder na grandiosa avenida. Tudo é demasiado grande, e o samba parece ser apenas um elemento da performance. É desse modo que vejo os desfiles atualmente: como aparelhos performáticos. Fico pensando no que estaria em primeiro plano, e tenho a péssima impressão de não sentir que é o samba. Não seriam Escolas de Samba?

  Nesses quatro dias, a alegria teve de se fazer crível de qualquer forma. Festa confusa essa.

1 Comentários:

Andrew Rosário disse...

Confusão é o que se define isso, o que eu vejo são essas escolas de samba enganarem a si mesmas.

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...