terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Deveria...

Deveria buscar uma vida perfeita, mas já não sei o que é perfeição.
Deveria almejar ser plenamente feliz, mas não sei mais o que é a felicidade, nem consigo imaginar sua plenitude.
Deveria confessar meus pecados, mas já não sei o que são.
Deveria aceitar a dor, mas não vejo sentido nessa aceitação.
Deveria seguir numa direção objetiva, mas (penso que) o mundo é demasiado grande para um só caminho. Deveria ter opiniões seguras de si e imutáveis, mas quero ter a liberdade de ouvir e de mudar.
Deveria sentir-me confortável, mas a sensibilidade não me deixa trancar-me à estática.
Deveria permitir o sofrimento porque é (diz-se) necessário, mas não compreendo sua necessidade.
Deveria entender tudo isso, mas escapa-me o entendimento.
Deveria, deveria, deveria...
Mas insisto em ficar aqui, abraçando o mundo com os olhos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

2010, Watch It Go to Fire!

2010. 2010. 2010. Curioso quando o ano vai finalizando, não? De repente tudo fica incrivelmente mágico, belo, brilhante. A esperança de algo melhor adentra os corações, embora os esperançosos talvez não saibam o que seja este algo.
Apesar de ser apenas a passagem de um dia para o outro, a “virada do ano” é significativamente importante. Preparamos-nos bem para essa época. O típico “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” figura constantemente, mas é tão costumeiro que não sabemos quando é verdadeiro ou apenas “por educação”. Talvez saibamos, mas somos obrigados a fingir não saber. Quando eu era criança pensava: “Por que não é feliz sempre – e não apenas no Natal – e próspero para todos?” Ainda penso assim. A diferença é que acho que agora sei as respostas, infelizmente.
Não importa o que aconteceu no decorrer do ano, no fim tudo fica bem. Ouvimos a promessa de um mundo melhor (Quem prometeu mesmo?) e festejamos a prosperidade que nunca chega (talvez chegue para alguns, vai) porque o ano seguinte toma a forma do ano anterior e tudo fica normal outra vez.
A cada ano, colocamos um tijolinho no edifício do progresso. A tecnologia avança, novas maneiras de ultrapassar barreiras são encontradas. O Homem vence limitações, evolui. Mas essa evolução parece ser isolada porque a Humanidade há tempos que não dá sinal de evolução. Basicamente, muda para chegar ficar do mesmo jeito, encontra-se em constante estado de implosão.
O “nosso” progresso é destrutivo. Destrói os homens e a Natureza, mas não parece destruir o nosso orgulho. Orgulho de quê mesmo? Da estúpida evolução do Ser Humano à custa de nós mesmos? Parece que sim.
É mesmo um espetáculo. E essa “magia de fim de ano” parece vir para nos preparar para o espetáculo do ano seguinte. Enquanto o Homem se auto-afirma e orgulha-se do seu progresso, a Humanidade segue queimando lentamente, na esperança de um dia apagar o fogo (não esperemos que ele se apague sozinho ou outros apaguem para nós, certo?). Eddie Vedder tem razão quanto canta: It’s Evolution, Baby!


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Para onde foram as palavras?

Guardei uns poucos versos aqui dentro
Dentro de mim, guardei umas poucas linhas
Talvez ainda estejam, mas parece que se dissolveram
Ou quem sabe voaram para longe das amarras?

Não sei ao certo, talvez ainda estejam aqui 
Também não sei se é de fora pra dentro
Ou de dentro para fora...

Apenas sei que estão ou estiveram
E que às vezes clamam para sair
Muitas vezes se entrelaçam,
Se misturam, se confundem...

Não costumo versejar
E quando o faço, brotam frutos inseguros... [Isso talvez seja uma dor, defeito, ou o que queiram chamar, de acordo com a ocasião]           
Mas tento tornar as palavras um espelho
De coisas nítidas e não nítidas
A inquietar-me o espírito.   

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sobre Liberdade e outras coisas...


Não quero adentrar em análises etimológicas nem em concepções filosóficas profundas sobre este tema, apenas desejo discorrer um pouco sobre a liberdade, evocada por uma grande parte de pessoas que utilizam a palavra indiscriminadamente. O que me incomoda não é o significado pessoal que cada um atribui a essa palavra – até porque cada um tem a abertura e possibilidade de pensar o que quiser (em tese!) – é apenas o fato de que grande parte das pessoas não constrói esse significado pessoal, caem na ingenuidade de que somos seres livres por direito, sem questionamentos.
Se você acha que é um ser livre, parabéns, respeito sua opinião. Mas pessoalmente, acho que a liberdade está atrelada a outros aspectos. Quero dizer que não se resume ao fato do indivíduo “estar trancado ou não”. Pode até ser só isso, mas vejo como algo mais amplo. A não ser que você esteja completamente fora da sociedade, sua liberdade está condicionada às relações sociais. Se a liberdade não está em suas mãos, se não depende apenas de você, então você não é tão livre assim quanto te dizem...
Só para exemplificar, vou-me utilizar de uma cena cotidiana: sair de casa. Se você não mora numa cidade perfeita (essa cidade provavelmente não é no Brasil!), sem violência, sem congestionamentos, sem poluição, o simples fato de sair de casa torna-se um ritual. Checar se tudo está trancado, pertences devidamente escondidos, olhar atento, medo da própria sombra. Isso tudo é necessário, porque é muito fácil ser assaltado.
Embora tenhamos o direito de ir e vir, temos que pagar pedágio e o sistema de transportes é deplorável. Apesar de possuirmos liberdade de expressão, nossa voz é pouco ouvida e infelizmente “amenizada” pelo Estado e “guiada para um lugar mais confortável” pela grande mídia. Pagamos impostos exorbitantes, mas se quisermos saúde e educação, temos que pagar. Aprendemos que saúde, educação, segurança são direitos, mas vemos que na vida real, elas tomam forma de serviços.
Eu não sei... Talvez eu devesse acreditar que somos livres, afinal, cresci ouvindo que a liberdade do cidadão é garantida pela constituição. Seria mais fácil aceitar “o que é posto”, mas ao fazer isso, eu teria que desconsiderar tudo o que vejo, tudo o que me incomoda, todas as contradições claramente perceptíveis de um sistema doente. Seria como acreditar que a liberdade é vendida em pílulas, que podem ser tomadas isoladamente, sem nenhuma ligação com o mundo real.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

#

Arte é algo que vem de dentro e segue para fora, mas o que estava dentro naturalmente traz algo de fora, ao menos a terra nos pés...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

...

“A vida metropolitana é como uma permanente colisão de grupos e conluios, um contínuo fluxo e refluxo de opiniões conflititivas. (…) Todos se colocam freqüentemente em contradição consigo mesmos (…) e tudo é absurdo, mas nada é chocante, porque todos se acostumam a tudo (…) um mundo em que o bom, o mau, o belo, o feio, a verdade, a virtude, têm uma existência apenas local e limitada (…) eu começo a sentir a embriaguez a que essa vida agitada e tumultuosa me condena. Com tal quantidade de objetos desfilando diante de meus olhos, eu vou ficando aturdido. De todas as coisas que me atraem, nenhuma toca o meu coração, embora todas juntas perturbem meus sentimentos, de modo a fazer que eu esqueça o que sou e qual meu lugar. (…) vejo apenas fantasmas que rondam meus olhos e desaparecem assim que os tento agarrar”. (Jean-Jacques Rousseau, em “A Nova Heloísa”)

Sem mais. 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ensaiando a Felicidade

   Luísa sempre fora uma menina bastante alegre. Ou pelo menos era o que aparentava ser. Sempre lhe disseram que alegria não era felicidade. Ela ouvia que alcançar a felicidade era o objetivo da vida. Não lhe falavam, porém, o que era felicidade, apenas insistiam que ela era necessária. Como grande parte das crianças, cresceu transbordando dúvidas, que só se agravavam com as tentativas de resposta.
   Tivera uma boa infância, bem verdade. As coisas mudaram um pouco com a chegada da adolescência. Até este ponto, nada tão diferente dos outros. Normalmente as coisas começam a complicar na adolescência mesmo. É nessa fase que o mundo começa a desabar. Também é nesse ponto que geralmente se acredita ou desacredita nessa tal de felicidade.
   Melancolia, romantismo, profundidade, visceralidade. Seu espírito inquieto e insatisfeito de outrora tomava forma, ganhava vazão. As dúvidas ainda estavam presentes, mas ganhavam um sabor diferente. Inseguranças, conflitos, enfermidades.
   O fato é que sobreviveu às dores juvenis. Saiu-se bem até, porque apesar dos pesares, via brilho na vida. Vivia. Percalços viriam. Mas ela não dava importância prioritária a eles, porque lutava para que eles não tomassem o lugar dos amores, dos divertimentos, das inquietudes com as injustiças, dos desejos, dos sonhos.
Acho que foi num dia primeiro de Janeiro que ela me contou algo interessante. No dia anterior, havia encontrado uma multidão curiosa. Estava ela a caminhar sem rumo, quando avistou a aglomeração voltada para o mar. Louca para saber o que estava a acontecer, aproximou-se e perguntou a um senhor:
­
 – O que vocês estão fazendo?
– Esperando.
– Por quem?
– Pela Felicidade.
– Conhece?
– Não.
– Quando ela vem?
– Não sei. Ninguém sabe.
– Então porque a espera?
– Porque é necessário! Só serei feliz se estiver com a Felicidade! Esperei minha vida toda por ela... Porque você não espera conosco?
– Não, obrigada. Vou viver mais um pouco... Mas obrigada pelo convite, você é muito gentil! Talvez um dia nos encontremos de novo!
– Tem certeza de que não quer ficar?
– Sim. Vou indo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

#3


“Que o teatro não acabe por dominar todas as artes.
 Que o comediante não acabe por subornar os puros.
 Que a música não se torne uma arte de mentir.”
                                                Friedrich Nietzsche
  “O Caso Wagner” despertou em mim o (tímido) gosto pela Filosofia, talvez pela inclinação da obra em relação à arte e mais especificadamente, à música. Poderia estender-me em considerações sobre o conjunto da obra, dada a minha admiração por esta brilhante peça literária. Mas por hora, vou me restringir a fazer um breve comentário acerca do trecho citado acima - que me encanta, por sinal.
   Quando o li pela primeira vez, foi como se as luzes estivessem sido acesas naquele momento. Estava diante de uma síntese de todos os pensamentos que me aturdiam, de todas as coisas que me incomodavam na arte. Foi como se minhas inquietações houvessem tomado forma.
Infelizmente, é perceptível a “teatralização” das artes, o “suborno” dos puros, a falsidade da música numa sociedade que falta profundidade, exala superficialidade, vive de aparências.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ah, Lucille!!!!

    Eu realmente tenho uma relação estranha com a música. Não sei como acontece com outras pessoas, mas quando estou a apreciar (isso implica dizer que estou a sentir) a música, experimento sensações indescritíveis. Eu costumo pensar que o ser humano não absorve a música, mas a música absorve o ser humano. Você pode não perceber, mas se está a ouvir música certamente algo em você muda, nem que seja momentaneamente. Em melhores palavras, a música não é sensível apenas ao aparelho auditivo, é algo que te mobiliza por completo: sentidos, membros, coração, mente, alma(?). Revisita o passado, traz ao presente memórias.
    Talvez esses sejam os motivos que expliquem o fato de em cada período de nossas vidas nos identificarmos com determinado tipo de música, determinados tipos de compositores. O engraçado é que passamos algum tempo sem ouvir algo, mas quando retornamos a ouvir, passamos a sentir de modo diferente, por causa de novas experiências (inclusive musicais), mas com uma paixão nostálgica.
    Estava a reexplorar (como se eu houvesse explorado decentemente) o “mundo blueseiro” e me deparei com uma apresentação ao vivo do BB King. Redundância falar da qualidade da apresentação. Queria apenas destacar minhas reações ao ouvir “Lucille” mais uma vez, depois de um significativo tempo. Quando dizem que música emociona, acreditem, é literal. Meus olhos enchiam-se de lágrimas, meu corpo ficava mais leve, meu coração inquietava-se a cada frase da tão famosa guitarra. BB King me mata. Sing, Lucille!!!!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Anatema, Labirinto


   Anatema é um daqueles álbuns que lhe fascinam na primeira audição. Confesso que fiquei surpresa, pois não esperava uma experiência musical tão profunda provocada por aquelas seis músicas. Antes de fazer meus comentários acerca do álbum, um aviso: se você não tem paciência para longos instrumentais, não ouça.
   O álbum é repleto de timbres, nuances e atmosferas maravilhosas. Estava pensando num adjetivo que sintetizasse, estivesse presente em toda a obra, e o vocábulo que mais coube foi sensibilidade. Em todas as músicas, há a presença de uma sensibilidade enorme em cada arranjo, como se tudo fosse meticulosamente colocado no devido lugar. A quantidade (e qualidade!) de timbres enriquece a obra ao passo que proporciona ao ouvinte caminhos não usuais. O sitar em Reverso, faixa de abertura, é brilhante, de emocionar mesmo.
   Se fossem músicas separadas, funcionariam muito bem. Mas a construção do álbum, a forma como as peças musicais interligam-se, faz com que o álbum torne-se maior, mais concreto. É muito bom saber que ainda se faz música de qualidade, honesta e profunda em território brasileiro. Espero que a banda continue crescendo e que em breve venham outras produções.

domingo, 14 de novembro de 2010

#2

  Certa vez ouvi de um amigo que ouvira alguém dizendo que um bom filme era aquele no qual o espectador se sentia um personagem do enredo. Como não sou uma grande amante do cinema, não dei uma importância maior no momento. Mas quando retornava para casa me vi a pensar no assunto.
  Sob uma ótica geral, não nos limitando a nos sentirmos como personagens apenas, podemos considerar que buscamos nos integrar com a arte. Se analisarmos bem, o fato de admirarmos determinado tipo de arte faz com que queiramos fazer parte dela. Não falo de identificarmos com a produção artística de uma forma superficial, como na historinha de uma letra de uma desilusão amorosa, por exemplo. É algo muito maior. Ou deveria ser.




segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Versos Íntimos, Augusto dos Anjos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

                              Augusto dos Anjos

Psicologia de um vencido, Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
                                
                                   Augusto dos Anjos

Soneto impecável, espelha em seus versos uma carga emocional enorme, trazendo a morte como fim inevitável, explorando aspectos antipoéticos e utilizando-se do naturalismo para dar forma a uma síntese da vida/morte, que apesar de ser centrada no eu-lírico, apresenta-se de modo universal.
Não sou uma grande apreciadora de poesia. Deveria.

sábado, 25 de setembro de 2010

The Chieftains & Alisson Krauss

Numa de minhas "pesquisas" a fim de encontrar "novos sons", se assim posso me referir, me deparei com o vídeo abaixo. A bela voz de Alison Krauss mesclando-se harmoniosamente com a brilhante e singular música irlandesa dos "The Chieftains".

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Amarok, Mike Oldfield

Na parte de trás da capa do álbum Amarok, há uma nota que afirma, numa tradução livre: “Aviso de saúde: "Esta gravação não é para quem tem ouvidos tampados. Se você sofre desta condição, consulte seu médico imediatamente." De uma forma irônica, esta frase sintetiza o “espírito” do álbum, composto de uma peça musical de 60 minutos, repleta de timbres, experimentações, “quebras” de tempo e executado inteiramente por instrumentos “reais”.
Ouvir Amarok, principalmente tratando-se da primeira audição, requer paciência. Passagens intricadas e complexas, ora suaves, ora agressivas, ora “alegres”, ora “pesadas”.  Apresenta-nos uma quantidade exorbitante de timbres, os quais sobrepostos constituem um trabalho singular. Melodias belíssimas foram introduzidas neste álbum, percussões marcantes, guitarras características e bem trabalhadas, coros vocais e mais uma infinidade de elementos que integram essa peça musical de beleza ímpar.
Carregado de sentimentos, traduzidos em sons, Amarok ganha significados maiores a cada audição. Uma obra prima desse magnífico compositor.
Gostaria de escrever mais sobre essa música maravilhosa, mas faltam-me palavras para descrever a excelência harmônica de Amarok.  


domingo, 19 de setembro de 2010

Rumour Cubes



O som do Rumour Cubes nos remete a paisagens ora caóticas, ora serenas. Banda recente, formada em 2009. Gravaram apenas um EP, que pode ser baixado no no site da banda. É contituída por: Joe Bartlett (bass), Siew Cottis (viola), Hannah Morgan (violin), Omar Rahwangi (drums), Adam Stark (guitar, electronics) and Simon Stark (guitar, electronics).
As músicas do grupo são repletas de texturas, flertando com o eletrônico. Há uma riqueza de timbres impressionante. Em alguns pontos, a música aprofunda-se, canalizando algo belo e único. Espero que logo venha um álbum!

sábado, 18 de setembro de 2010

Algumas Palavras...




Contrariamente ao que dizem, palavras, em várias ocasiões, são vazias de significado.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

She & Him, Volume One


She & Him é um “duo” formado por Zooey Deschanel e M.Ward. Não é o “tipo” de música que geralmente escuto, mas não sei por qual razão, gosto. A banda me foi indicada por uma amiga, e confesso que relutei em ouvir. Demorei certo tempo para dar atenção ao som agradável da música deles.
Canções curtas, de “atmosferas” simples e belas, apoiadas na suave e ao mesmo tempo encorpada voz de Zooey. No álbum “Volume One”, o que mais aprecio, há climas muito bons, com pitadas de country e folk em canções notoriamente “pop”. Emprego a palavra “pop” para designar canções que “grudam” na sua cabeça, e não no sentido deturpado atribuído ao termo atualmente.
Muitos violões, “slide guitars” belíssimas, pianos minimalistas e cordas constituem esse álbum bastante agradável de ouvir. Os arranjos são muito bons, surpreenderam-me. Por vezes, o álbum nos presenteia ótimas frases de guitarra, apropriadas ao contexto musical. Há um carismático xilofone e uma guitarra característica do country.
Destaco o cover de “I Should Have Known Better” dos Beatles, que aqui se apresenta significativamente diferente. Em substituição do clima “agitado” do quarteto de Liverpool, a canção é apresentada de forma mais “lenta e arrastada”, cativando-nos de forma distinta. O arranjo tem algumas características “surf music”. É um dueto, Zooey e M.Ward. Ótima a voz dele. Belíssimo. Cover Digno.
“Take It Back” também é ótima, leva o ouvinte, pouco a pouco, a envolver-se com a bela voz da vocalista. “You Really Got a Hold Me” é quase que um suspiro, um pedido para que você adentre na simplicidade e profundidade da canção.
Enfim, “Volume One” do She & Him é um bom álbum. Recomendo sua audição desprovida de preconceitos, sejam eles em relação ao “indie”, ao “pop” ou a qualquer outro aspecto. No melhor sentido da expressão, sem tendências pejorativas, é um álbum “muito bonitinho”.

domingo, 12 de setembro de 2010

Sinewave

Sinewave é um selo responsável pela divulgação de bandas de "Post-rock", "Experimental" e "Shoegaze". O trabalho de divulgação é realizado via internet. No site, são disponibilizados álbuns de artistas independentes. É interessante, possibilita-nos conhecer ótimas bandas da "cena independente" brasileira. Uma ótima recomendação é o Herod Layne, que lançou o álbum "Absentia" recentemente, já disponibilizado no site. Inclusive, esta que vos escreve está a fazer o download neste momento.

Acesse o site, é possível que haja alguma banda que te interresse!

sábado, 11 de setembro de 2010

The Polar Dream

The Polar Dream é uma banda originária de Guadalajara, México. Formada em 2005, lançou seu primeiro álbum “Follow me to the Forest” recentemente. É constituída por: Hans(Bateria) Elihu(Acordeão, teclado), Arts(Baixo), Oby(Teclado, guitarra) E Kosmo(Guitarra, teclado, acordeão e Glockenspiel).
É uma banda “instrumental”, tidos como pós-rock/ambiente. Rótulos á parte, o som do The Polar Dream é repleto de texturas e timbres que envolvem o ouvinte em atmosferas suaves, sob paisagens belíssimas.
Ouçam o EP “The Polar Dream” e o álbum “Follow me to the Forest” e tirem suas próprias conclusões. Garanto-lhes que as músicas são de uma beleza ímpar e que a ausência de “palavras cantadas” não compromete-as de modo algum.





quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dream Theater: Sem Mike Portnoy


Recebi esta notícia com um dia de atraso. Não havia acessado a internet ontem (ou acessei pouco, apenas para fins de pesquisa) e não havia tomado ciência do fato. Estava preparando uma resenha do álbum Scenes From a Memory, para publicá-la em breve. Porém, diante do fato, quis me pronunciar, afinal, Mike Portnoy era um membro-chave para o Dream Theater.
Não vou criticá-lo, até porque não sei o que de fato o levou deixar a banda. E até entendo sua posição, apesar de ainda desejar que ele fizesse parte do Dream Theater. Atualmente, não escuto a banda tão passionalmente como fazia há dois anos atrás, mas não deixo de levar em consideração a importância que a mesma possui na construção de meu gosto musical, e (por que não considerar?) em certos momentos da minha vida.
Bem, o Dream Theater foi talvez a banda que “revolucionou” meu gosto musical. Antes dos 14 anos(a idade na qual conheci DT), o meu interesse em música resumia-se em Grunge, Led Zeppelin e algumas bandas que passavam na MTV na época(2005 a 2007, principalmente). Não que hoje não aprecie as bandas que ouvia no citado período. Ainda gosto de Led Zeppelin, Pearl Jam e Alice In Chains. Mas não consigo ouvir Nirvana, White Stripes, Green Day, entre outras, pois não fazem mais sentido para mim, perderam o “brilho”.
O fato é que á época, meu gosto musical era demasiadamente limitado. O Dream Theater abriu as portas para que a abrangência fosse possível. Quando ouvi “Metropolis Pt 1: The Miracle and the Sleeper” surpreendi-me, pois até o ponto não havia ouvido algo tão diferente. Era tudo muito novo para mim: A duração da música, as várias “quebradas” de tempo, os solos de guitarra e teclado... Enfim, toda aquela atmosfera distinta que depositou em mim o desejo de conhecer a fundo a música do Dream Theater. Além disso, o Dream Theater introduziu-me, o até então desconhecido “Rock Progressivo”, gênero responsável por boa parte de minhas preferências musicais.
Mike Portnoy, em especial, era meu “herói baterístico”, responsável por “apresentar-me” bandas como Rush, The Who, Porcupine Tree, Transatlantic, O.S.I, The Flower Kings, Liquid Tension Experiment, Opeth, G3(comprei o Live In Tokyo porque ele tocava bateria, não propriamente por causa dos guitarristas), entre tantos outros.
Logo após me encantar com “Metropolis”, ouvi Images and Words, Awake, Scenes From a Memory, e o belíssimo EP “A Change of Seasons”. Inicialmente, esses foram os álbuns que “ouvi à exaustão” (no bom sentido, claro) e tornou o Dream Theather uma de minhas bandas prediletas. Pouco a pouco, fui “consumindo” os outros álbuns de estúdio, os álbuns “ao vivo” e os projetos “paralelos” dos integrantes da banda, com destaque especial para Transatlantic (o “Bridge Across Forever” é um álbum essencialmente bonito) e Liquid Tension Experiment(que me fez descobrir as maravilhas do Jazz Fusion e do mundo “instrumental” – não gosto deste termo).
Porém, em contraponto aos primeiros álbuns, que traziam à banda um caráter singular, os dois últimos álbuns (Systematic Chaos e Black Clouds and Silver Linings), a meu ver (é só uma questão de opinião), não traziam o mesmo “brilho” de outrora. Não gostei do “rumo” musical que a banda tomou. Porém, como venho ressaltando insistentemente, é apenas uma questão de gosto estritamente pessoal.
Agora, que Mike Portnoy, o líder do Dream Theather, deixou a banda, apenas desejo que as coisas estabilizem-se. Espero que o Dream Theather encontre um baterista que traga novidades rítmicas á banda e que esta, possa nos oferecer um próximo álbum inspirado e concertos da mesma forma.
Quanto ao Portnoy, desejo-lhe sucesso, embora não sei se acompanharei seus próximos trabalhos. Melhor dizendo, acompanharei o Transatlantic, por motivos óbvios, considerando esta que vos escreve. Já o Avenged Sevenfold(não sei se ele tornará-se membro oficial), mesmo com o Mike Portnoy nas baquetas, continuarei não ouvindo, a banda não apresenta um rumo musical que aprecio tão pouco incita-me a conhecer a fundo sua música. Outros projetos, só o tempo dirá se gostarei...
O texto tomou rumos extremamente pessoais, escrevi instintivamente. Esse foi um caso especial. No próximo post, espero escrever algo mais impessoal (e com um pouco mais de qualidade). Para retratar-me, postarei um link para o download da discografia do Dream Theater, adicionado álbuns de projetos de seus integrantes.

Indicado por rockcyber.






terça-feira, 7 de setembro de 2010

Choros e Valsas do Pará, Sebastião Tapajós


Há aproximadamente dois anos atrás, adquiri um exemplar da revista ViolãoPRO. Estava começando a tocar violão (não que atualmente eu toque algo) e aquela revista parecia interessante. Continha nela uma entrevista com Sebastião Tapajós. Li a entrevista e não dei muita importância, visto que na época eu não possuía, digamos, uma abrangência em meu gosto musical. Estava numa fase na qual achava que o Rock era a sétima maravilha do mundo. Não que eu não goste de Rock, até gosto bastante e acho que isso foi bastante no processo de construção do meu gosto musical.
Voltando ao assunto, fiquei um bom tempo sem conhecer a música de Sebastião Tapajós. Entretanto, quando descobri Bacamarte, fiquei curiosa em relação à música Brasileira. Percebi (tardiamente, confesso) que havia músicos competentes no Brasil que não compunham “Mais do mesmo” (isto não foi um trocadilho nem uma referência ao álbum do Legião Urbana, que fique bem claro). A partir daí, fui descobrindo, pouco a pouco, ótimos músicos/compositores/bandas nacionais.
Então, um dia, voltando a folhear a revista, lembrei-me de Sebastião Tapajós. Ouvi o álbum “Choros e Valsas do Pará) e aquilo paralisou-me. Não sei quais são os critérios que meu cérebro utiliza para realizar essa seleção, mas algumas músicas realmente me tocam. Os timbres dos instrumentos e os arranjos utilizados no álbum parecem ter sido meticulosamente escolhidos para torna-lo especialmente bonito. Sebastião Tapajós tem um modo peculiar de composição e execução que imprime em suas peças musicais um “toque brasileiro”. Talvez seja por suas influências regionais e por sua vivências com ritmos folclóricos e brasileiros.
Sem dúvida, um álbum dotado de qualidade musical e essencialmente bonito.
Sebastião Tapajós é um violonista conceituado no exterior, pena que por aqui o seu trabalho não seja reconhecido por muitas pessoas...
O estilo de tocar de Sebastião Tapajós é vigoroso e incisivo, e o som que tira do instrumento é cheio e encorpado. Ele gosta de utilizar efeitos percussivos, variações de timbre (do som mais doce, tocando próximo à boca do instrumento, ao mais metálico, próximo ao cavalete do instrumento), sons harmônicos, repetição ritmada de acordes em ostinato e outros recursos.


Não é do álbum, mas é ótima da mesma forma...

domingo, 5 de setembro de 2010

Mestro, Hurtmold


Conheci Hurtmold ontem. Uma banda tupiniquim interessante. Obviamente, preciso de mais audições para ter uma opinião concreta. Porém, ouvi o álbum Mestro e gostei bastante. É difícil definir o som da banda, pois o mesmo agrega várias influências e ao mesmo tempo cria uma identidade própria.
Não posso falar dos outros álbuns, mas com base na audição do Mestro, posso dizer que o sexteto explora várias sonoridades e texturas e o resultado final é ótimo. As músicas são “instrumentais” em sua maioria, com exceção de “chuva negra” (a faixa que menos gostei do álbum).
É bom saber que ainda se faz boa música nesse país...


Ótima banda, vale a pena conhecer... Ouvirei os outros álbuns...

P.S.: Informação sem relevância: O nome da última faixa do álbum é "Música política para Maradona  cantar"... Muito engraçado!






() Sigur Rós


Não me recordo como me interessei por Sigur Rós ao certo. Apenas lembro-me que a existência de um álbum sem título, com músicas não tituladas da mesma forma e cantadas em um idioma que inexiste, me despertou uma curiosidade imensa.
Estranho foi o fato de que, quando ouvi o álbum pela primeira vez, não gostei. Achei “triste”, “estático”, “melancólico” demais. O ignorei por um bom tempo. Resolvi dar outra chance ao quarteto islandês. O Sigur Rós me conquistou com o álbum Takk, e então decidir ouvir mais atentamente o ().
O álbum fica melhor a cada audição. Apresenta uma beleza ímpar, dotada de sons atmosféricos em conjunto com suaves pianos, belos timbres orquestrações e os vocais angelicais de Jónsi.
O fato de as músicas serem cantadas em Vonleska(ou Hopelandic) e o som vocal adequar-se à melodia, sem necessariamente prender-se a palavras é no mínimo curioso. Gosto disso. Talvez isso soe um pouco purista ou radical, mas as letras não são o foco da música. O foco da música é a junção de melodia, harmonia e ritmo. Não estou desmerecendo a poesia, na verdade, acho-a belíssima. Mas música é música. Ás vezes, tenho a impressão de que a música é tratada apenas como “fundo” para outro fim, infelizmente. Essas canções, que para um ouvinte menos paciente pode não significar nada, para mim dizem mais do que se possuíssem letras fantásticas.
Um álbum dotado de emoção, beleza e sensibilidade como poucos. Se você não conhece a banda, sugiro que ouça o álbum e tire suas próprias conclusões.
  



J.S. Bach As Variações Goldberg

Passei a ouvir J. S. Bach desde que adquiri o DVD Living With the Past do Jethro Tull. Nele, há uma releitura de Bourée, executada pelo eloquente Ian Anderson e sua fantástica banda. Aquela “homenagem” do Jethro Tull ao célebre compositor Johann Sebastian Bach acentuou minha curiosidade em sua obra, até então desconhecida. Como não possuía (e não possuo), uma direção a tomar para conhecer sua obra (lê-se: sem indicações), fui ouvindo sua música aleatoriamente (e lentamente, admito). Em meio a concertos, fugas, peças para música de câmara e tantas outras formas musicais compostas por Bach, me deparei com esse conjunto de variações para cravo: As variações Goldberg.
A peça musical é de uma sensibilidade capaz de tocar o ouvinte mais impassível. É quase impossível tornar-se indiferente diante de tão bela obra. Ou admira-se a peça pelo conteúdo e carga emocional da mesma(como a que vos escreve) ou apenas a tem como mais uma composição chata...
Preferências à parte, não se pode negar a qualidade da obra. Depois da exposição da ária no começo da peça musical, surgem trinta variações seguidas pela repetição da ária. As Variações foram escritas, provavelmente, por volta de 1741 para o Conde Hermann Karl von Keyserling; foram tocadas para o conde por seu jovem e talentoso cravista Johann Gottlieb Goldberg, a quem elas foram, por fim, dedicadas.

Um trabalho belíssimo, vale a pena conferir(nem que seja por curiosidade)...










quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Octopus - Gentle Giant


Embora não esteja entre os “medalhões do rock progressivo”, o Gentle Giant é uma das maiores bandas do Progressivo inglês. O som único, quase que inclassificável (talvez por isso seja considerado progressivo), é uma mistura de rock, jazz, folk, blues, música barroca e erudita estruturado de forma particular.
Octopus é o quarto álbum da banda, o último que conta com Phil Shulman e o primeiro que tive o prazer de ouvir. Durante os poucos (quase) 35 minutos de duração do álbum, o ouvinte é envolto pela singularidade sonora do Gentle Giant, com sua variedade de timbres, texturas e nuances. O disco apresenta belíssimos trabalhos instrumentais e vocais. Os arranjos de todas as músicas são maravilhosos.
Em Knots, quarta faixa do álbum, Gentle Giant nos presenteia com um perfeito e complexo arranjo vocal e elaborado trabalho instrumental. Impressiona a sobreposição de vozes, um trabalho muito preciso. Surpreendeu-me o fato de eles tocarem ao vivo essa música! Sem falha alguma, com improvisações, impecavelmente (prova disso é o álbum ao vivo Playing the Fool, mas este é assunto para outro post).
The Boys in the Band é uma ótima peça instrumental, com arranjos de metais, guitarras e teclados empolgantes. Think of me with Kindness, de beleza ímpar, começa com sutis incursões de piano e vocal e vai crescendo, até chegar ao ápice com as frases de metais.
As outras músicas, The Advent of Panurge, Racounteur Troubador, A Cry for Everyone, Dog’s Life e River, cada uma a seu modo, também dão um show á parte.
Se você deseja conhecer o som dessa banda, Octopus é uma boa opção. Talvez não seja o melhor álbum da banda, mas com certeza é de uma qualidade imensa.

Faixas:
1. The Advent of Panurge (4:45)
2. Raconteur Troubadour (4:03)
3. A Cry For Everyone (4:06)
4. Knots (4:11)
5. The Boys In The Band (4:34)
6. Dog's Life (3:13)
7. Think Of Me With Kindness (3:31)
8. River (5:52)





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